Campus Ciência XXI é anunciado esta sexta-feira: Elvira Fortunato diz que faz sentido juntar entidades científicas no LNEC

Mar 18, 2024
O Campus Ciência XXI deverá implicar um investimento de 3,7 milhões de euros, mas tem como retorno uma poupança de 400 mil euros anuais, estima Elvira Fortunato. Novo espaço vai servir de sede à Fundação para a Ciência e Tecnologia

O Campus Ciência XXI deverá implicar um investimento de 3,7 milhões de euros, mas tem como retorno uma poupança de 400 mil euros anuais, estima Elvira Fortunato. Novo espaço vai servir de sede à Fundação para a Ciência e Tecnologia

O Campus Ciência XXI começa a ganhar forma esta sexta-feira com um contrato de cedência à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) de dois dois edifícios que fazem parte do complexo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, na Avenida do Brasil, em Lisboa. Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) estima que o Estado deverá poupar cerca de 400 mil euros anuais com rendas e centralização de limpezas, estacionamentos, gestão de equipamentos ou espaços para eventos. A mudança deverá ocorrer até 2026, mas a ministra admite que não deve limitar-se à FCT.

“Faria sentido que, futuramente, mais entidades ligadas à ciência e às tecnologias se instalassem no Campus Ciência XXI”, refere Elvira Fortunato ao Expresso.

Os dois novos edifícios estão situados junto a um terceiro que atualmente já presta serviços à FCT na área digital. Com o contrato assinado com o LNEC, o Ministério da Ciência aplica 3,7 milhões de euros provenientes do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) para renovação e reformulação do interior dos dois edifícios e compromete-se a pagar uma renda ao LNEC, que é tutelado pelo Estado.

Em contrapartida, o LNEC assume a responsabilidade de fornecer painéis fotovoltaicos e outros equipamentos que contribuem para a eficiência energética.

Um dos edifícios, que é atualmente conhecido como “Edifício de Instalações”, conta com 1707 metros quadrados de área bruta dispersos por dois pisos. O segundo edifício, conhecido como “Centro de Instrumentação Científica” ocupa 1328 metros quadrados de área bruta num único piso. O primeiro edifício deverá ficar preparado para receber 80 a 120 postos de trabalho, enquanto o segundo deverá contar com uma capacidade para 100 a 130 profissionais.

Quando a nova sede estiver pronta, a FCT deverá abandonar o edifício da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que tem vindo a ocupar na Avenida D. Carlos I. A mudança deverá abranger cerca de 200 profissionais. Elvira Fortunato diz que a nova configuração da sede vai privilegiar os espaços abertos e evitar os silos, que separam colegas consoante as áreas em que trabalham. Elvira Fortunato confessa que o novo espaço tende a adotar algumas lógicas das empresas, mas não esconde que tem como inspiração na Fundação Nacional para Ciência, dos Estados Unidos, “mas com um orçamento bem diferente, claro”.

“O dinheiro agora aplicado vem da reprogramação do PRR. Antes da reprogramação, a ciência só tinha sido financiada indiretamente. Agora avançamos com este investimento para garantir que temos uma casa para a ciência”, descreve a governante.

Hoje, o complexo ocupado pelo LNEC estende-se por 20 hectares entre a Segunda Circular e a Avenida do Brasil, no bairro de Alvalade. Elvira Fortunato recorda que aquela área fazia sentido aquando da instalação do laboratório para garantir espaço para o desenvolvimento de maquetes e testes relacionados com infraestruturas civis. Com o passar do tempo, os testes apanharam a boleia das tecnologias e passaram a ser feitos com recurso a software e cenários de simulação. Além disso, deixou de ser necessário projetar infraestruturas para as antigas colónias ultramarinas e também para o próprio território nacional. Resultado: “nem todos os edifícios do LNEC estão a ser muito usados”, adianta a ministra da Ciência. “Quem sabe se no futuro não se poderia usar aquele espaço para instalar mais unidades científicas?”.

Em final de mandato, Elvira Fortunato mantém a convicção de que esta última iniciativa não será revertida pelo próximo governo, pois “implicaria a perda dos fundos que vêm do PRR”, alerta a ministra. “As boas ideias não têm cor partidária”, conclui.